FÁBULAS DO SÉCULO XXl PARTE ll

Quando a luz foi criada, ela foi magestosamente vestida com as suas roupas brancas reluzentes. E na alvura da sua vestimenta ela despertava o ciúme de todas as outras cores do universo. Pois a cada cor foi dada uma função específica. Mas nada se comparava ao privilégio da brancura.

Coisa semelhante ocorreu no momento dea invenção de todas as outras cores, pois cada uma delas recebeu uma nobre e sagrada missão. À cor rosa foi dado o privilégio de cobrir de sonhos o quarto das meninas, que se intretêm até que o príncipe encantado chegue para trai_la e decepciona_la. À cor cinza foi dado o dom de inspirar os artistas com os seus 50 tons de criatividade. Ao vinho foi dado a principal capacidade na arte de tingir a veste luxuosa dos homens. Ao amarelelo coube representar todos os imaginários que tem na força do fogo e seu juízo vingador. À cor azul foi dado o privilégio de presidir a beleza dos reflexos das cores do céu que deságuam sobre as águas do mar. À cor verde foi dado a grande honra de liderar os encantamentos diversos da fauna e da flora. E a cor vermelha é a cor que Vênus adotou como a sua filha adotiva predileta em todo o reino da cromoterapia, pois é ela que inspira todas as paixões, todas as loucuras de amor e todas as direções das flechafas inebriantes de Eros.

Mas apesar da grandiosidade da missão de cada uma das cores, nenhuma delas se comparava à cor branca em todas as suas luzes,  que são capazes de conduzir cada um de  nós como eternos peregrinos nessa terra que nos parece tão estranha a cada passo e a cada amanhecer. Razão pela qual a cor branca, por ser a única veste da luz, atraia a inveja de todas as outras cores. Mas havia uma cor que não nutriu nenhuma inveja, nenhum ciúme, e muito menos nenhum despeito das luzes da brancura, apesar de ela ser a única capaz de conduzir os aflitos a Deus através da sua claridade. E essa única cor capaz até de atrair a inveja da cor branca é a cor negra. E por que o branco, mesmo habitando tão próximo à luz de todos os caminhos humanos sente tão amarga inveja das eecuridões que moram bem perto da negritude? É porque apesar da luz que há na brancura ser o único caminho que nos conduz a todas as verdades divinas, ela só pode ser o oráculo dos homens através dos olhos atentos da coruja. Pois só existe a sabedoria das luzes alvas que nos guiam ao saber quando nós aprendemos a ve_las através da negritude que está na escuridão.

Eldon de Azevedo Rosamasson

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