PARÁBOLAS DO SÉCULO XXl

Dois homens sentaram_se no final de mais uma tarde em uma bela e concorrida praça para mais um merecido  descanso de final de expediente. Um deles era o cidadão mais bem sucedido, mais rico e mais reconhecido daquela cidadezinha por causa dos seus grandes feitos no mercado financeiro, os quais davam a ele a possibilidade de não só viver esbanjando as suas muitas riquezas, mas também ele era sempre muitíssimo admirado, bastante celebrado e calorosamente amado por todos os habitantes daquela pequena cidade. Porém o outro era o único mendigo e morador de rua daquele lugarejo, que graças às sobras de alimentos que eram dispensadas no lixo no  da padaria do seu Armando e no restaurante do seu Baltazar, conseguia pelo menos não parecer de inanição e de fome.

Para mais  uma vez reforçar seu  o ego de investidor bem sucedido, o homem rico puxou assuntos banais e corriqueiros com o morador de rua, e quase como um sádico a exibir triunfalmente o abismo da pirâmide social que havia entre ambos, o milhonário dizia para o mendigo como ele era amado, celebrado e praticamente festejado por todos os seus conterrâneos, razão de ser de toda a sua felicidade e realização pessoal. Tendo dito essas coisas, e com a mais absoluta certeza que há no mundo de que aquele simples e  miserável morador de rua não teria nenhuma narrativa pessoal que pudesse concorrer com a sua trajetória, o milhonário perguntou e disse para aquele pobre homem, e você, como vive, o que você faz e quantos amigos você tem? e aquele homem pobre lhe respondeu, eu acordo de manhã e tomo o café da manhã que sobre das pessoas que o deixam no balcão da padaria do seu Armando, e no almoço e no jantar eu me alimento com os restos que são dispensadas pelo restaurante do seu Baltazar. Ouvindo isso, e muito mais persplexos que comovido com a história relatada por aquele morador de rua, o milhonário lhe perguntou, mas por que ao invés de comer os restos de comida que vão para a lixeira, o senhor não pede esmola para que possa comer alimentos mais frescos? E o mendigo lhe respondeu, não posso fazer isso, pois todos os habitantes dessa cidade, exceto o senhor, me odeiam cegamente, mas eu não sei o motivo. Não tenho nada na vida, senão a minha inteligência, a minha autoestima, a minha autoconfiança e o que a minha falecida avó me dizia que tenho, pois ela dizia que eu tenho muita luz própria.

Após ouvir essa história, aquele homem rico nunca mais conseguir ter a mesma alegria e o mesmo contentamento pela vida. E isso aconteceu porque ele se lembrou que durante a sua vida, antes dele enriquecer, ninguém olhava para ele, ninguém o notava e ninguém sequer o odiava. Razão pela qual ele chegou a seguinte conclusão e disse para si mesmo: eu era totalmente ignorado e não cultivava nada em ninguém, a não ser a indiferença, salvo quando enriqueci. Mas esse pobre homem, que aparentemente nada possui, consegue atrair  pessoas para si a ponto de ser odiado por todos. O que ele tem que eu não tenho?

Eldon de Azevedo Rosamasson

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