CRÔNICA E FILOSOFIA: JESUS ERROU!

CRÔNICA E FILOSOFIA:  JESUS ERROU!

Precisamos sempre reagir contra essa apropriação religiosa do espaço público na política, como se o predomínio da fé cristã dos evangélicos fosse capaz de promover um país e um mundo melhor e mais justo para todos só porque um determinado grupo religioso crê nas bondades Jesus de Nazaré. Dentro deste contesto, espero de fato que o atual ministro da educação, Milton Ribeiro, respeite a menção honrosa que ele mesmo fez à laicidade do Estado na sua cerimônia de posse, e que não procure transformar a gestão pública em uma grande república presbiteriana. Porém confesso que não me encontro muito otimista quanto a isso, pois há no Bolsonarismo uma forte tendência em fazer com que o Deus da religião dos crentes entre pela porta dos fundos das nossas infraestruturas governamentais, apesar da república moderna, desde a "era das rovoluções", ter convidado esse mesmo Deus da Bíblia a sair pela porta da frente de todos os governos pós revolucionários. E mais, se o principal reconhecimento da vida curricular de um cidadão é ele ser um pastor, que relação ele pode ter com as estruturas de um estado laico se definitivamente o povo brasileiro não é oficialmente nenhum rebanho do Senhor Jesus? Pois não adianta desconversar, nos interiores da crença que predomina lá nos interiores das  igrejas evangélicas, existe sim  o pensamento de que uma nação só poderá ser feliz se ela for orientada pelo que essa fração da cristandade chama de verdade de Deus. E isso está muito de acordo com o pensamento mágico e mítico do governo Bolsonaro, que dificilmente abrirá mão desses pressupostos, por causa do capital político que essa militância representa. E não nos enganemos, o novo ministro da pasta educacional está sendo usado pra isso e o presidente dificilmente abrirá mão dessa orientação. Coisa que o senhor Milton Ribeiro já sabe, e sabe muitíssimo bem 

Com raríssimas exceções, o mapa do desenvolvimento político, social e humano do mundo, coloca as nações menos ligadas à crenças religiosas entre os países mais avançados do planeta, em praticamente todos os pressupostos de bem estar social. E estranhamente, os crentes ficam sempre pra trás em termos desse desenvolvimento. Principalmente em se considerando os países onde o ateísmo ou a indiferença espiritualista é maior, pois geralmente eles são os que melhor tratam os seus cidadãos. Desta maneira, seria muito importante o atual ministro da pasta seguir as estatísticas do mundo de agora, pois na aparência, Jesus de Nazaré não deve entender muito de política, e em se tratando de desenvolvimento humano, parece até que a oração silenciosa dos ateus chega ao céu bem mais rapidamente, e a oração dos crentes bate no teto e cai na cabeça das pessoas que acreditam nos deuses.

Portanto, sugiro ao atual presidente da república  e a toda a sua equipe, que se ocupe um pouco mais com as coisas daqui de baixo, e se esqueça um pouco das coisas lá do alto, pois o Jesus de Nazaré pra quem ele está rezando parece até que perdeu completa o camimho do paraíso ao ser assunto aos céu, e e no lugar onde ele ficou parado, parece até que há uma nuvem escura que o impede de enxergar os lugares onde os indivíduos crêem nos deuses.

Talvez quando você ler esse texto você vai dizer assim, nossa, mas que incrédulo! Não, não o sou, Jesus Cristo é o Senhor. É o que eu creio no meu "homem interior. E quando me refiro a Cristo, estou falando de um ser que me realiza internamente, que morreu e que ressuscitou pelos meus pecados. Mas evidentemente, e por questões que me parecem óbvias, esse Cristo da ressurreição, não é o Deus do Silas Malafaia, que é capaz de fazer qualquer tipo de negociata em nome da fé, não é o Deus do Bolsonarismo e de todas as suas inconsistências políticas. E acima de tudo, o Cristo o qual eu creio, não gosta nada nada de rachadinhas, não é em nada afeito à funcionários fantasmas, e costuma caminhar com discípulos, e não com  os apóstolos da milícia de Rio das Pedras. Caso contrário, além de Jesus ter errado o caminho do céu ao ter para lá subido, voltou embriagado com os cálices do cinismo por morar no Brasil e por ter descido.

Eldon de Azevedo Rosamasson

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