PARÁBOLAS DO SÉCULO XXl PARTE X

 Um professor da escola pública se encontrava muitíssimo cansado com a sua rotina de educador, pois o mesmo se sentia já a muito tempo desvalorizado pelo poder público, desprestigiado pela sociedade e desrespeitado pelos seus alunos como é muitíssimo comum no dia a dia das nossas escolas.

Esse homem vivia torcendo e querendo que em um belo dia de sábado algum gênio do mau, que tivesse preferência pelos seus apetites lançados ao edredom nos finais de semana, fizesse retroagir todos os outros sábados do tempo, para que de uma vez por todas, esse dia que antecede o domingo, se reunisse a todas as outras sabatinas da história da humanidade. 

O domingo para esse mestre se tornava a cada dia o momento mais acalentador de todas as fragmentações do tempos, simplesmente porque o primeiro dia da semana era sempre uma espécie de negação tediosa das segundas feiras, que sendo o mais longo dia de todos os sete, fazia o professor imaginar o seguinte: o inferno de fogo que a Bíblia fala deve ser uma eterna segunda feira em uma sala de aula lotada de alunos do sexto ano, que além de serem muito abusados, ainda receberam o DNA que vêm diretamente do sêmen do capeta. Mas curiosamente, quando esse professor pensava no que seria o céu, ele pensava assim: o céu deve ser uma grande e espaçosa sala de aula com um ar condicionado central só pra mim, sem aluno nenhum, onde eu possa ficar eternamente no recreio xingando a todo esse tipo de perverso polimorfo que tanto nos aborrece.

Mas pós a sua aposentadoria, o nosso herói teve uma gravíssima enfermidade, que afetou gravemente o seu frágil pulmão de fumante compulsivo de cigarros baratos. Percebendo que lhe faltavam poucas horas de vida, e como ele estava na presença de um médico, esse doutor, que fora um dos alunos mais brilhantes do famoso médico Dráusio Varella, lhe perguntou com os olhos cheios daquela compaixão humanitária que só os maiores e melhores profissional da saúde podem ter: professor, o senhor me disse um dia que antes de morrer gostaria de escolher as pessoas que o senhor mais ama na vida para estar juntas contigo nesse momento tão decisivo, para que assim como Vargas na sua Carta Testamento, tu possas deixar a vida para entrar na história. E  tu disseste também que o céu e o inferno estão em desacordo com o  Ceticismo acadêmico de alguns professores de Ciências Humanas. Depois de ter ouvido isso do médico, o professor olhou para o ex aluno do médico Dráuzio Varella, refletiu que ele também já foi um aluno da sexta série, e com os olhos repletos de uma ternura que ele jamais julgara ter por alguém na vida falou: reúna a mim todos os alunos do sexto ano da escola, pois hoje eu só quero dar uma aula.

Eldon de Azevedo Rosamasson

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