PARÁBOLAS DO SÉCULO XXl PARTE Xll: DEUS SABE DANÇAR
Caminhando pelas ruas da cidade em mais um domingo de evangelização, um pastor se aproximou de um homem mau trapilho que estava deitado debaixo de uma marquise. E vendo o morador de rua nessas condições, o religioso teve a certeza mais absoluta do mundo de que estava se aproximando de mais uma alma perdida nas mais profundas travas, de uma pessoa sem Deus na vida e de um indivíduo muito amargurado pela mais absoluta opressão satânica da miséria. E imediatamente ele perguntou ao homem como sempre faz de praxe: senhor, quer aceitar Jesus? ao passo que o mendigo lhe respondeu, depende, pois eu só posso acreditar em um Deus que saiba dançar.
Persplexo, surpreso e visivelmente confuso com a resposta enigmática do mendigo, o pastor falou: mas Deus não dança, ele não tem corpo físico para se dar a esse desfrute. Com isso, imediatamente o morador de rua lhe respondeu com um olhar de uma certa surpresa e estranhamento: mas eu não disse que Deus dança, o que eu falo sempre é que eu só posso acreditar em um Deus que saiba dançar, que caminhe sobre as águas e que saiba nadar. Mais embaraçado ainda com aquela sabedoria aparentemente franciscana do mendigo, o pastor lhe deu a seguinte resposta: mas Deus não precisa saber nadar, ele não tem corpo físico e não corre nenhum riscos de morrer afogado. E o mendigo lhe respondeu mais uma vez com expressão de maior surpresa ainda: mas eu não falei que Deus nade ou que ele precise saber nadar, eu disse que eu só posso acreditar em um Deus que saiba nadar.
Já impaciente com as respostas enigmáticas do homem, o pastor resolveu dar a ele um ultimato, e passou a falar como se naquele momento Deus estivesse dando àquele morador de rua a última oportunidade de finalmente ele aceitar a Jesus e salvar para sempre a sua alma dos mármores super aquecidos das fornalhas do inferno dantesco, e ele falou assim: pare de dar essas respostas evasivas homem, aceite a Jesus e saia dessa tua condição de miséria absoluta, pois se Deus tivesse te ensinado a dançar de verdade, o senhor estaria hoje muito bem empregado em uma dessas grandes companhias de dança do mundo, e seria com certeza, o melhor de todos os dançarinos do planeta, pois não há melhor professor que o nosso Deus. Ao passo que o mendigo maltrapilho e mau cheiroso lhe deu uma outra resposta, mas só que agora com muito mais veemência: mas quem aqui está falando em prosperar pertencendo a uma grande companhia de dança, nobre pastor? o que eu digo sempre é que eu só posso acreditar em um Deus que saiba dançar, que saiba caminhar sobre as águas e que saiba nadar. Pois esse Deus me ensina novos passos, novos expressões e novos movimentos de nado sincronizado todos os dias.
Nesse momento da conversa, o pastor já se encontrava quase persuadido pelo Deus daquela morador de rua, que sabe dançar, que sabe caminhar sobre as águas e que sabe nadar. Até porque, o morador de rua parecia ter um olhar muito sereno e um sorriso que aparecia ao pastor como algo muito natural. Era um contentamento que parecia que jorrava de uma fonte desconhecida a qual só aquele mendigo sabia onde está. Com isso, o pastor resolveu lhe dar um ultimato com o seguinte veredicto na mente, dessa última pergunta que eu vou fazer ele não vai escapar. Por isso o pastor lhe perguntou: então prova, prova pra mim que Deus te ensinou a dançar, dança agora que eu quero ver! Ouvindo essa pergunta do pastor, o morador de rua respondeu com um olhar sereno, piedoso e cheio do mais puro sentimento, coisa que aquele pastor jamais tivera: todos os melhores dançarinos e todas as meninas que praticam o nado sincronizado precisam de muitas quedas e esforços, de muitas dores e sofrimentos para chegar aos movimentos mais perfeitos. Mas quando eles chegam nos palcos da vida, eles encantam a plateia por um motivo muito específico, pois após os treinamentos de toda uma vida, um bom dançarino aprende a suavizar os esforços e a conviver com a dor. Será que até agora o senhor não percebeu que todos os dias Deus me ensina a dançar e que eu estou dançando para o senhor desde a hora que o senhor chegou aqui?
Depois dessa última resposta do morador de rua, o pastor resolveu abandonar temporariamente a sua missão e passou a frequentar o banco de muitas e muitas igrejas a procura de um Deus que saiba dançar, que caminhe sobre as águas e que saiba nadar.
Eldon de Azevedo Rosamasson
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