CRÔNICA E FILOSOFIA: EDUCAÇÃO RECLUSA

O advento da pandemia reforça ainda mais uma reflexão que eu venho nutrindo de uns tempos para cá, pois eu digo que em uma sociedade com os problemas e com as demandas dos dias do Brasil e do mundo de hoje, não pode mais se dar ao luxo de manter professores e alunos  apenas reclusos no interior das salas de aula, sem que os principais atores da comunidade escolar e do processo ensino aprendizagem estejam nos interiores do debate dialético, mas não apenas dentro da Escola física na pessoa da gestão psipedagógica, mas também que todo o seu corpo docente também esteja na vanguarda de um ensino que se apresenta nas primeiras fileiras da tecnologia da informação, sob pena de estarmos praticando um tipo de educação que eu costumo chamar carinhosamente de educação reclusa.

Para o bem, para o mal, para ambos ou simplesmente por causa das novas tecnologias da informação, a nossa organização de vida política tem vivenciado a efervescência de uma nova sociedade da comunicação de tempo real. E essa nova sociedade da tecnologia da informação tem aprendido e desaprendido muito rapidamente as coisas, construindo uma nova narrativa muito própria de fontes confiáveis e cada vez menos confiáveis. E isso eu digo, se os critérios da confiabilidade ainda são e permanecem sendo os mesmos da metodologia clássica com a suas devidas fontes e normas técnicas, a despeito de muitas adaptações é claro.

Youtubers têm emergido como eclipses repentinos capazes de obliterar o brilho mais incandescente das maiores estrelas do cinema e da tv. Razão pela qual muitos astros consagrados já têm o seu canal. Astros do show business descobriram que os palcos e as mais modernas telas de lad não são mais suficientes para a sustentabilidade de uma estrela no mercado do entretenimento e do gosto dos dias atuais. Por outro lado, os meios de comunicação de massa sabem muito bem que as massas de hoje são bem outras agora e mudam de gosto a cada minuto e a cada novo estímulo movidas agora pela velocidade pelos algoritmos. Noutras palavras, dependendo da falta de diversidade comunicativa de um interlocutor candidato aos abraços do povo, e dependendo das suas pretensões, o seu próprio meio de comunicação, por mais popular que ele seja, pode lhe representar algum tipo de reclusão limitadora de ascensão no estrelato.

O Marketing Política e principalmente os poderes executivo e legislativo da república brasileira são uns dos setores que mais se mostravam reticentes às mudanças mais radicais na comunicação com essa nova sociedade. Porém, desde algumas campanha presidenciais pelo mundo como as campanhas que elegeu Donald Trumph e desde a campanha de Jair Bolsonaro, esses distanciamentos digitais  têm se encurtado, até porque, Trumph e Bolsonaro sempre se mostraram políticos muito fiéis às suas popularidades conquistadas no dia a dia por meio de muitas twitadas políticas.

O jornalismo da Globo News desse último dia 4 de outubro, apresentou uma pesquisa que demonstra que o número de computadores por aluno nas escolas e que a inclusão digital dos jovens influênciam diretamente no desempenho dos estudantes. Inclusive, o país da Europa que é hoje a nação mais bem sucedida na aprendizagem, a Estônia, tem essa característica positiva, pois lá existe a inclusão digital mais bem explorada da Europa. E isso é mais uma prova de que uma escolaridade sem a inclusão digital hoje se torna uma educação reclusa.

Tenho um projeto pessoal, que eu tenho quase a certeza que não é pensado apenas por mim. Eu proponho à sociedade brasileira que ela se desenvolva cada vez mais de frente para a Escola em uma infinidade de canais de diálogo com o dia a dia dos brasileiros. Razão pela qual tenho postado aulas e tutoriais meus no interior do YouTube através do endereço Filosofia com Eldon Rosamasson, que é o mesmo endereço do meu grupo de Facebook e ainda tem o meu blog através do endereço Rosamasson ponto blogspot ponto com. Com isso, eu espero que em um breve espaço de tempo as nossas conferência em salas de aula sejam muito mais que simples palestras para os nossos alunos, mas verdadeiras conferências públicas sobre o mundo, sobre a vida e sobre os problemas da sociedade brasileira. Pois o enclausuramento social do que nós professores temos a dizer à sociedade poderá sim representar  enclausuramentos do nosso desenvolvimento social, cultural e também político. Pois eu penso que nós professores temos muito a dizer, porém, muitos de nós após à formação, nos divorciamos das nossas universidades, e quando retornamos a ela, costuma ser apenas pelo desejo, muito justo, de receber um pouquinho mais no plano de carreira ou para emplacar de vez em alguma universidade. Afinal de contas, elas pagam mais e dá muito mais status em uma sociedade como a nossa que valoriza tão pouco o Magistério. Mas o ideal mesmo seria o professor continuar ativo no chão da escola, mas também permanecer ativo social, ativo política e ativo academicamente. Inclusive participando de debates da tv como professores e intelectuais da Seeduc, por que não? ou vamos continuar aceitando a pecha injusta de professorzinho ou professorinha do Estado e da prefeitura?

A pandemia está demonstrando isso muito bem agora, pois ela tem mostrado que apesar de estarem muito mais conectados que os jovens de outrora, as nossas desigualdades sociais e econômicas também não produziram a inclusão digital necessária aos nossos estudantes. Resultado, por mais que os estudos à distância estejam sendo a alternativa inevitável agora, está provado que os nossos jovens, principalmente os alunos de escola pública, estão muito prejudicados, não apenas porque eles não têm o acesso regular à rede Wi_fi e a bons planos de Internet, mas os nossos estudantes estão sendo prejudicados também porque eles fazem parte de uma educação reclusa, que não está conectada digitalmente na formação tecnológica para a cidadania, para o  trabalho, para as Ciências, para a cultura e quiçá para as artes e para o desporto.

Afirmo que a Escola precisa entrar urgentemente nesses espaços de abertura para o mundo propostos na era digital, exatamente pela informalidade que há nesse universo de conexão e as suas famosas fake news. E por que nós precisamos entrar nesses espaços como educadores? pelo simples fato de a educação ter de fazer através das plataformas digitais o que eu tento fazer nas redes através das minhas intervenções, que é dar mais forma, um pouco mais de conteúdo e fontes mais dignas do conhecimento através das redes sociais. Mas se a nossa escolaridade continuar sendo realizada de forma analógica em dias onde o conhecimento formal também se realiza cada vez mais em tempo real, continuaremos educando as vezes bem e as vezes mau, mas sempre em uma educação reclusa.

Eldon de Azevedo Rosamasson

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