CRÔNICA E FILOSOFIA: Pandemia ou Polisdemia?
A palavra pandemia tem um prefixo, pan, que é originário do deus pã. Essa divindade era um espírito faceiro, que segundo o panteão mítivo grego, era sempre visto entoando a sua flauta na presença encantadora das ninfas. Mas o principal atributo desse ser divino era os seus encantamentos noturnos de deus que tinha o hábito de aterrorizar viajantes noturnos que precisavam passar durante a noite por lugares muito ermos. Razão pela qual essa sua característica de representar as coisas naturais no seu lado surpreendente, encantador e desconhecido, fez com que Pã com o tempo, viesse a representar a natureza na sua generalidade. Por isso é que existem palavras, que ao se referirem ao plano geral de um fenômeno, é as vezes prefixada pelo termo pan como panamericano ou pansexualidade. Mas o lado trançoeiro desse sufixo na palavra pandemia, está no hábito que nós construimos de acharmos que uma doença como o Corona Vírus também faz parte das forças misteriosas da natureza, em detrimento da sua manifestação como um fenômeno urbanístico, arquitetônico, social e político. Desta maneira, será que não estaria na hora de substituirmos o termo pandemia pela palavra polisdemia para que a mesma faça mais justiça ortográfica ao que é de fato esse problema sanitário como um fenômeno urbano?
Uma das vantagens que o Bolsonaro está levando sobre os seus opositores, é que ele, mesmo de maneira genocida, irresponsável e malévola, compreendeu o caráter político desse vírus. Ou seja, como está muito claro que ele quer o caos social utilizando_se de uma possível tragédia pandêmica, ele está também usando de toda e qualquer oposição contra o isolamento social e contra a possibilidade das pessoas se vacinarem para produzir um ambiente social e político favorável aos seus piores desejos e intenções. E enquanto nós opositores acharmos que essa doença é apenas uma questão médica e de vacina, nós vamos perder quase todas para o presidente da república. Até porque, provavelmente muitas outras pandemias podem vir a ocorrer. E mesmo essa, aínda não se tem a certeza absoluta de que ela não produzirá ondas alternativas, a despeito das vacinações. Até porque, mutações são possíveis sempre. Muito embora a vacinação das pessoas seja sem dúvida a melhor de todas as alternativas preventivas, como sempre foi na história de todas as pandemias e epidemias. Mas definitivamente, por acharmos que o Corona Vírus é apenas uma questão médica e de vacinação, estamos perdendo a grande oportunidade de repensarmos a nossa própria urbanização e saneamento metropolitano, para quando as outras pandemias chegarem, e vão chegar devido ao tipo de vida urbana que temos, nós entejamos bem mais preparados para combatê_las.
Mas apesar da péssima atuação do governo Bolsonaro diante da pandemia, ele tem alcançado boa popularidade, sobretudo em relação à população mais carente. Evidentemente, que a popularidade do presidente não é nada boa em números absolutos, pois nos dois primeiros anos de governo, só o Collor foi tão mau avaliado. Mas os 37 por cento de ótimo e bom que ele tem alcançado agora, somados ao seu público fanáticos de 25 a 30 por cento de brasileiros, se dá também por causa de um auxílio emergencial, que na realidade, foi uma conquista promovida sobretudo pelo Congresso Nacional. Mas que as pessoas mais carentes atribuem equivocadamente à presidência da república. Ou seja, em mais essa oportunidade, Bolsonaro faz política se utilizando da pandemia. Mas não que isso seja ruim, pois não há nada demais em um político fazer uma boa política de imunização e pretender receber votos no futuro por causa disso. Porém o problema é que a todo momento o presidente milita contra as mobilizações sociais, políticas e científicas com respeito a qualquer programa de saúde pública sobre a pandemia. Mas infelizmente, também recebe apoios e possíveis votos por causa disso.
Eldon de Azevedo Rosamasson
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