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A ASCENSÃO POLÍTICA DA INVEJA

Esta semana tivemos encontros importantes entre o presidente Lula e adversários políticoos óbvios como o direitista e bolsonaristas episódio Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo. O presidente como sempre foi cordial, e divertidamente causou muitos e muitos risos durante os encontros. Inclusive no governador. Mas curiosamente o clima amistoso entre o petista e a direita deixou o Direitismo hormonal simplesmente furioso. O motivo do ciúme dos atores mais fanatizados da destra política é que para tais "varões de Plutarco" não deveria haver aliança nenhuma entre eles e o que os mesmos denominam de "os comunistas.." Fato que demonstra em grande parte um estilo muito comum no debate público  cada vez mais identitário nos nossos dias, onde o despeito, o ciúme e a inveja deixaram a mera  periferia privada e íntima do Estado para  ocupar os espaços mais superlativos na vida republicana.   Alexis de Tocqueville na sua Democracia na América escreveu que um dos perigos ...

O DEUS DE MALAFAIA

resistência do pastor Silas Malafaia, camaleão contumaz, em pular da nau do ex presidente Bolsonaro, em pleno naufrágio ético e moral me causa espécia. De fato, no governo anterior, ele ganhou a chance única de realizar o sonho aparente de brincar de capelãozinho do Brasil e de Billy Gran dos trópicos, oportunidade essas que dificilmente se repetirá novamente. Mas eu vou um pouco além dos clichês Malafaia corrupto, Malafaia que se vende, Malafaia avarento e etc que aparecem na boca dos críticos que são contrários ao religioso. Percebo que muito  mais que os métodos de um pastor, a metodologia desta liderança  é bem mais política que eclesiástica. Ou melhor, quase todos os senhores da religião que se apresentam ao público são bem mais conhecidos pela mensagem de fé ou de justiça que trazem, ainda que sejam falsamente vivenciadas. Ao contrário disso, o reverendo em questão aparece nas mídias e redes sociais sempre batizado pelas polêmicas e brigas que protagoniza. Desta maneira,...

PECADO DO LADO, DEBAIXO E DENTRO DO EQUADOR

 uma das canções entoadas pelo contralto da cantora da minha predileção, Zélia Duncan, ela diz que "na medida do impossível, tá dando pra se viver, na cidade de São Paulo, o amor é imprevisível como você e eu." Talvez a autoria da letra não tenha sido inspirada necessariamente na reflexão que aparece a mim nesta melodia, mas se de fato São Paulo é o centro urbano mais complexo que nós possuímos no Brasil, também é nesta metrópole que vivenciamos os fenômenos mais parecidos com o que Peter Sloterdjk denomina de o "cinismo" dos nossos dias em sua obra Crítica da Razão Cínica, uma vez que para o autor de Esferas, não há como escaparmos das contradições mais cínicas das novas e inovadoras urbanidades. Razão pela qual penso que de certa maneira, as vezes é na medida do impossível que dá pra se viver, não só na Cidade da Garo, mas também nos diversos centros urbanos onde o amor separado das contradições mais efêmeras é coisa mais ou menos imprevisível quase por definição....

A ESCOLA E O EROTISMO

Em dias recentes tivemos a surpreendente e triste notícia sobre o falecimento do grande humorista Jô Soares. Me lembro que dentre as maneiras alternativas do Jô entrevistar as pessoas estava a sua afável gentileza de se aproximar e tocar as pessoas. Sobretudo na hora do seu famoso "sem querer te interromper e já te interrompendo." Porém quando a Rede Globo resolveu deixar a gente sem o costumeiro beijo do Gordo, simbolicamente tal evento foi análogo a um fato social aparente evidente nós dias de hoje, a ausência gradativa da gratuidade do encontro manifestada carinhosamente no abraço,  uma vez que até aquele inocente e leve toque educado do me dá licença por favor pode agora ser interpretado como importunação ao corpo, como assédio sexual e quiçá como tentativa de estupro. E o pior, sob a aquiescência silenciosa de nós educadores. Inclusive com a submissão historial da própria universidade. Será que estamos sendo educados para uma sociedade sem abraço e para uma vida social a...

A ESCOLA E O DEBATE

Quando surgiu o movimento operário do ABC Paulista no final da segunda metade da década de 70, e sobretudo a partir do momento que apareceu o PT no cenário político nacional no início da década de 80, o principal líder desse momento, o sindicalista Luiz Inácio da Silva, vulgarmente chamado de Lula, aparentemente se utilizou da energia embrionária do Partido dos Trabalhadores que emergia oportunamente para fazer dele a escola e a universidade que o mesmo não teve. Com isso o novo sindicalismo brasileiro atraia artistas, intelectuais, escritores, acadêmicos, juristas e estadistas de renome para o interior dos seus debates, para a sua crítica às elites e para a então configuração do mundo do trabalho. Mas como o Sindicalismo tradicional não está mais presente no mundo de agora, quais seriam as mais novas maneiras de resistirmos aos novos modos de opressão dos dias de agora os quais eu chamo carinhosamente neste texto de opressão libertária? E se este debate é mesmo importante, qual seria ...

AGENDA MORALISTA E AGENDA HUMANISTA

O pronunciamento do pastor americano David Eldridge em congresso de juventude de uma das convenções da Igreja Assembleia de Deus em Brasília está sendo denunciado como mais um crime de ódio à comunidade LGBTQlA+. O religioso citou no evento vários tipos sociais deste grupo humano e para cada um deles ele soltava a seguinte sentença polêmica: "tem um lugar reservado no inferno." Mas até que ponto a liberdade de expressão com os seus limites expostos na letra da lei realmente evidencia que dizer que determinados atos da sexualidade são pecaminosos é crime perante o Código Penal e contraditório diante da nossa Constituição? Será então que o Papa Francisco cometeu crime de ódio ao dizer categoricamente que a homossexualidade é pecado? Será que isso é uma questão de crime ou apenas questão de tom no momento da pregação? Para respondermos a essas perguntas teremos que nos apoiar indubitavelmente na Declaração Universal dos Direitos Humanos, pois liberdade de expressão e liberdade s...

PAULO FREIRE, PATRONO OU PATRÃO DA EDUCAÇÃO?

Uma das características mais marcantes que denotam os DNAs das nossas relações antropológicas e sociopolíticoas está no Mandonismo. E isso desde os tempos onde nós substituímos as primeiras reformas agrárias em potencial pela verticalização das conhecidas Capitanias Hereditárias, desde os dias em que o Coronelismo demarcava quem deveria ser o mandatário de um território se apropriando da compra de patentes do Exército e desde épocas bem recentes. Afinal de contas foi somente em três oportunidades menos uma que no Brasil um chefe do poder Executivo eleito pelo povo passou democraticamente a faixa presidencial a um outro presidente também eleito em sufrágio popular. E eu digo em três oportunidades menos uma porque na terceira vez que seria nesta última eleição, salvo amnésia, quase todos já sabem o que aconteceu. Mas se eu estivesse agora no seu lugar eu me perguntaria assim, mas o que a historicidade dos mandonismos daqui do Brasil tem a ver com uma reflexão a respeito de Paulo Freire e...